quinta-feira, outubro 14, 2010

 

Atenção e Sensibilidade


Você não pode ser sensível apenas em uma dimensão. A sensibilidade pertence à totalidade de seu ser, ou seja: você é sensível em todas as dimensões.

Seja mais perceptivo e aumente sua capacidade de observação. Se estiver andando sob o sol e sentir os raios de sol em seu rosto, seja sensível a seu toque sutil. E preste atenção também no momento em que a luz interna o atingir.

Quando você estiver sentado em um parque, sinta a grama, o verde a seu redor, a diferença na umidade, o cheiro da terra. Se você não conseguir, você não terá acesso a seus próprios sentimentos quando eles começarem a acontecer.

Sinta o que está a seu redor, este é o caminho mais fácil. Se não conseguir estabelecer um conexão com o exterior, você não poderá sentir o seu interior. Seja mais poético e menos pragmático em sua vida. Às vezes não custa nada ser sensível.

Ao tomar banho, você sentiu bem a água? O banho faz parte de sua rotina: cinco minutos e mais nada. Fique embaixo do chuveiro e deixe que a água caia sobre você durante alguns minutos. Isso pode se transformar em uma experiência profunda, porque a água é vida. Se não conseguir sentir a água caindo em você, não conseguirá perceber suas próprias marés internas.

A vida nasceu no mar e 90% de seu corpo é feito de água. Vá nadar no mar e sinta a água em volta de seu corpo. Logo você saberá que faz parte do mar e que seu ser interior pertence ao mar. Quando a lua estiver no céu e o oceano acenar com suas ondas em resposta, seu corpo também responderá (marés externa e interna). Seu desafio é sentir essa emoção. Se você não for capaz de sentir uma coisa tão simples, será difícil você conquistar algo tão sutil quanto a meditação.

Como você pode sentir amor? Todos estão sofrendo. Eu vi milhares de pessoas em profunda dor. O sofrimento é por causa do amor. As pessoas querem amar e querem ser amadas, mas o problema é que, se você amá-las de fato, elas não poderão sentir isso. Continuarão perguntando: "Você me ama?" O que fazer, então? Se você disser que sim, elas não acreditarão porque não podem senti-lo. Se disser que não, elas se sentirão feridas.

Se você não puder sentir os raios de sol, a chuva, a grama ou o mundo externo que o cerca, então não poderá sentir coisas mais profundas, como amor e compaixão. Raiva, violência e tristeza são emoções muito evidentes, cruas, fáceis de serem alcançadas. Mas o caminho que nos leva para dentro é sutil, e quanto mais sutil sua meditação se tornar, mais sutis serão os sentimentos. É preciso estar preparado.

A meditação não é uma coisa que você faz durante uma hora e depois deixa de lado. De fato, toda a vida tem que ser meditativa. Somente então você começará a sentir as coisas. E quando digo que toda a vida deve ser meditativa, não estou sugerindo que você deve ficar sentado meditando durante 24 horas por dia - NÃO!

Você pode ser sensível onde quer que esteja e a sensibilidade lhe trará algo em retorno. Pense menos, sinta mais. Volte a sentir as coisas. Viva de acordo com seu coração, e não de acordo com sua mente. Brinque um pouco, sorria, chore, cante, faça algo espontaneamente. Relaxe seu corpo, sua respiração e mova-se como se fosse novamente uma criança.

Esqueça-se da alma e viva totalmente no corpo, porque o grau de sensibilidade que você tem com o seu corpo determina sua relação com a sua alma. Lembre-se disso. Pare de dar voltas ao redor do corpo e reassuma seu lugar. Todos têm medo de estar no corpo. A sociedade criou o medo e agora o medo está profundamente enraizado.

Retorne para o seu corpo, movimente-se novamente como um animal inocente. Observe os animais saltando e correndo e imite-os: salte e corra com eles. Esta é a senha para voltar a seu corpo e recomeçar a sentir os raios do sol, a chuva e o vento.

Você só vai conseguir sentir o que está acontecendo dentro de si mesmo quando sua capacidade de prestar atenção ao que ocorrer ao seu redor estiver funcionando de forma plena.

Fonte: Osho, Uma farmácia para a alma, Editora Sextante, 2006. ISBN 85-7542-218-9.

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