domingo, janeiro 21, 2007

 

O Segredo da Vida, da Luz e do Amor - 13


A Perversão da Inteligência


Na Bíblia o Diabo aparece pela primeira vez sob o símbolo da Serpente na alegoria da "Queda", e se encontra nessa Escritura até a cena final do Apocalipse, na qual "a antiga Serpente, que é o Diabo e Satã", é lançada no lago de fogo. Que vem a ser, afinal, o Diabo? Podemos tomar como ponto de partida a proposição incontestável que "Deus" e o "Diabo" devem ser exatamente opostos um ao outro. O que Deus é, o Diabo não é. Assim, pois, se só Deus existe, o diabo não existe. Se Deus é Ser, o Diabo é Não-Ser. Assim nos encontramos diante do paradoxo que, embora a Bíblia fale tanto sobre o Diabo, entretanto, o diabo não existe. É precisamente o fato da não-existência que constitui o Diabo; é o poder que aparentemente existe; porém, na realidade, não existe; numa palavra, é o Poder do Negativo. São Paulo [Coríntios, Cap.1, vers. 20] nos leva a deduzir isso, quando afirma que, em Cristo, todas as promessas de Deus são Sim e Amém, isto é, essencialmente afirmativas, ou, por outras palavras, que todo desenvolvimento para a Humanidade Perfeita deve ser feito pelo reconhecimento do Positivo e não do Negativo. O fato principal da Negação é a sua Nulidade; porém, devido à impossibilidade de privar seu Pensamento de seu Poder Criador, a sua concepção do Negativo como coisa que teria uma existência substancial própria, se torna uma força verdadeiramente real, e é esse poder que a Bíblia denomina "o Diabo e Satanás", a mesma antiga Serpente que seduziu Eva. Por isso, tanto é erro dizer que existe um Poder Mau [criado por Deus], como que ele não existe [pois você o cria]. Tudo o que tende a expandir e melhorar a vida é o Bem, e, portanto, é uma intuição primária de que não podemos afastar-nos, que o Poder Infinito, Criador e Sustentador, só pode ser Bom. A Vida íntima de tudo está sempre se expressando através da Forma; porém, a Forma não é a Vida e é por não vermos isso que resulta tanta confusão.

O Homem é um organismo, tanto física como mentalmente capaz de expressar a Vida da Suprema Inteligência por meio da Consciência Individual. Por que, pois, o poder que é capaz de carregar a humanidade como uma expressão perpetuamente progressiva de si mesmo, não haveria de fazer o mesmo no indivíduo? É essa questão que nos interessa. Por outras palavras, por que deve morrer o indivíduo? Por que não há de continuar numa expansão perpétua? Essas perguntas podem parecer absurdas de acordo com as experiências passadas. Os que crêem apenas nas forças cegas, responderão que a morte é a lei da Natureza, e aqueles que crêem na Sabedoria Divina respondem que é determinação de Deus. Porém, por mais estranho que pareça, ambas as respostas estão erradas. Afirmar que a morte é a lei final da Natureza é contradizer o princípio de continuidade que se observa na tendência vivificadora da evolução; e dizer que a morte é a vontade de Deus é afirmar uma coisa que a Bíblia nega energicamente, pois ela afirma que é o Diabo que tem o poder da morte [Hebreus, Cap. 2, vers. 14]. Não há que duvidar dessas palavras; não é Deus, mas sim o Diabo, que dá a morte. Não é possível fugir daí. Examinemos essa afirmação. A Morte é o oposto da Vida; e no caso de um ente que é capaz de reconhecer o Princípio espiritual de Vida, a morte é o resultado de ele não ter chegado a esse reconhecimento. Sem dúvida, essa inteligência não se encontra nos reinos animal e vegetal, e eles se acham sob a Lei cósmica das Médias, a qual opera de um modo geral com o fim de conservação do gênero. O homem, porém, tem a faculdade de especializar o Princípio da Vida, sorvendo-o direta e individualmente; entretanto, para fazê-lo, é preciso reconhecê-lo pelo que é em si mesmo, a saber: a Inteligência Vivente Universal que deseja encontrar nele um centro, o que exige um relação pessoal com ela. Ora, é a negação dessa Inteligência Vivente Universal que é a morte. Vendo o processo de desintegração que se efetua ao nosso redor, julgamos que a morte é inerentemente necessária, e assim permanecemos na categoria dos seres que são incapazes de reconhecer o Princípio da Vida, e continuamos sob a Lei das Médias. Na proporção que assim fazemos, negamos a Deus, e negar a Deus é afirmar a existência de um princípio oposto ao Espírito de Vida. É isso o que designa a palavra "Diabo", sendo nesse sentido que, em relação ao plano humano, o "Diabo" tem o poder da morte. Certamente, existem graus dessa negação do poder do Espírito de Vida, e talvez você não negue a continuação da vida espiritual, porém, negue que essa vida possa ser estendida ao corpo, e assim limite a ação do Espírito de Vida e, nesse ponto, "dê lugar ao Diabo".

Para um princípio existir, ele deve ser eterno, não podendo existir apenas o passado, o presente e o futuro para ele. Por conseguinte, você não deve permitir que a experiência racial da ação do processo desintegrador desanime-o na investigação da Lei superior. Com efeito, que é o processo de desintegração? É ainda o Poder Universal em seu trabalho de construção. O único motivo possível para o Princípio de Vida Universal deve ser a expressão de Vida, e, portanto, você pode imaginá-lo como procurando continuamente encarnar-se em inteligências que sejam capazes de compreender seu motivo e cooperar com ele, conservando o motivo constantemente no pensamento. Admitindo que essa individualização de motivos possa dar-se, não há razão para que não continue a operar indefinidamente.

O seu progresso individual depende do esforço no desenvolvimento da partícula divina que você tem, a qual, adquirindo cada vez mais consciência de sua realidade, reúne ao redor de si os elementos para construir mansões eternas para residir. Porém, o indivíduo que deixa adormecer a sua consciência da Divindade, vai se afogando cada vez mais no esquecimento e os seus mais nobres sentimentos vão se apagando.

A cegueira espiritual que resulta da aplicação errônea dos conhecimentos intelectuais conduz o indivíduo à obscuridade e à confusão de suas idéias, mesmo nas coisas que, em sua inteligência material, eram vivas.

[continua]

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